Álcool e condução, uma combinação mortal
Dados do Instituto Nacional de Medicina Legal tornados públicos hoje, revelam que a larga maioria (75%) dos condutores que no ano passado morreram em acidentes de viação e que acusavam álcool no sangue, apresentavam uma taxa crime, ou seja, superior a 1,2 gramas por litro (g/l) e punida com pena de prisão.
Num universo de 182 condutores que acusaram mais de 0,5 g/l, 138 tinham bebido bastante mais antes de conduzir, ultrapassando os 1,2 g/l, revelam os resultados das autópsias feitas no ano passado pelas três delegações (Lisboa, Porto e Coimbra) do Instituto Nacional de Medicina Legal, as quais recordam que, para acusar uma taxa de 1,2 g/l, é preciso ingerir em média seis bebidas alcoólicas.
Dá que pensar, seis bebidas alcoólicas quando depois se vai conduzir...
Outros 44 condutores mortos na sequência de acidentes rodoviários acusaram valores entre os 0,5 e os 1,19 g/l, o que também é punido por lei.
Ou seja, com conduções sob o efeito do álcool morreram nas nossas estradas, no ano passado, 226 condutores. Agora a questão que este estudo não revela, é quantos é que não beberam e que tiveram o azar da sua vida se cruzar com os ditos condutores alcoolizados. De qualquer forma, dos condutores que morreram nas estradas portuguesas no ano passado, sabe-se que 321 apresentavam uma taxa de alcoolémia legal (até 0,49 g/l), ficando por saber quantos se abstiveram de beber bebidas alcoólicas antes de conduzir.
Mais uma vez comprova-se, com números fatais, a velha máxima "se conduzir não beba". Mas esta como muitas outras frases feitas, tornam-se melodiosas para os ouvidos e no absurdo da inconsciência humana, induzem mesmo (esta é uma opinião muito pessoal) as pessoas a manter ou mesmo reforçar os hábitos que se pretendem combater, neste caso o de juntar dois factores por si só perigosos, condução e álcool.
Têm surgido algumas campanhas contra a ingestão de álcool por quem conduz, como é o caso da "100% cool", campanhas que vão para junto de lugares de grande consumo de bebidas alcoólicas, na noite, que vão apelando ao bom senso dos condutores. Mas muito mais tem que ser feito e não me parece que a solução passe pelo reforço de operações STOP das forças policiais, a campanha tem que passar pela consciência das pessoas, pelas campanhas-choque, com imagens das implicações da ingestão do álcool para o organismo, para as famílias e para a sociedade em geral, com testemunhos e imagens das consequências de uma noite de copos, que muitas vezes acaba por marcar a vida de quem se excedeu ou de quem teve a infelicidade de estar no sítio errado à hora errada.
Recorde-se que o Código da Estrada só prevê sanções para os condutores a partir dos 0,5 g/l - valor que é atingido com a ingestão de dois copos de vinho em média -, sendo que uma taxa de alcoolémia até 1,19 g/l é punida com coimas (entre os 250 e os 2500 euros) e inibição de conduzir (entre um mês e dois anos), enquanto, a partir de 1,2 g/l, a lei prevê a detenção do condutor, que fica sujeito a uma pena de prisão máxima de um ano ou pena de multa até 120 dias.
Apesar das coimas, o que é facto é que os números não param de aumentar.
Não é com medidas de repreensão que se muda o rumo a estes trágicos números, concordo com as coimas e penas, mas é preciso fazer muito mais.
Neste, como em muitos outros flagelos, mais vale prevenir que remediar, até porque aqui, as consequências são de tal forma catastróficas, que já nada consegue remediar a ausência de um pai, marido ou filho.
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