Neste espaço pretendo partilhar com toda a blogosfera a minha visão sobre os assuntos que vão fazendo o dia-a-dia de todos nós, aqui passará à posteridade... Outros assuntos que mexam com o civismo, que vai faltando na nossa sociedade e a camaradagem, que é fundamental para seguir em frente... são bem vindos ao "civismo e camaradagem".

segunda-feira, abril 02, 2007

Escreveu-se mais uma página negra da história do futebol português

O Clássico do estádio da Luz entre Benfica e FC Porto que se apresentava com contornos de muito importante na luta pelo título nacional, levou ao estádio da Luz mais de 62 mil espectadores que tornaram o ambiente de grande euforia, um espectáculo memorável na coreografia que foi planeada e executada antes do jogo ter início... muitas famílias presentes no estádio, casais com adeptos dos dois clubes a transportarem o amor pelos seus clubes em comunhão com o amor entre si, para assistirem de forma pacífica a um jogo de futebol.
O dia de ontem tinha tudo para ser uma festa linda, muitos adeptos, famílias, senhoras, crianças, coreografia, estádio cheio, cheerleaders, excelentes executantes, bons momentos de futebol. Mas, na minha óptica tudo isto fica para segundo plano.
Continuam a haver confrontos antes dos jogos, confrontos entre claques, atentados à integridade física de cidadãos anónimos que vão ver o espectáculo, crianças e senhoras a sairem do estádio em maca.
Desta vez, e talvez devido à semana ter sido dedicada às selecções nacionais, não se pode culpar as declarações dos dirigentes que muitas das vezes "encendeiam" o ambiente antes dos clássicos, pois tal não aconteceu. As claques organizadas do FC Porto, como habitualmente, voltaram a ser escoltadas desde Alvalade até à Luz, com a escolta policial a ser muito forte em número de homens e armas com que iam munidos. À chegada ao estádio do Benfica, como tem acontecido nestas deslocações do FC Porto ao Benfica, os adeptos do FC Porto foram recebidos com agressividade e arremesso de diversos objectos para cima dos elementos das claques portistas. Numa recepção nada civilizada, que serviu para continuar a acender o rastilho da violência em torno do jogo.
Entradas para as bancadas do estádio, as claques foram colocadas no 4º anel do topo norte, para onde passaram a estar as claques das equipas que visitam o Benfica nos jogos mais recentes, estiveram lá os adeptos do Celtic, Manchester United, Paris Saint-Germain... nunca houve quaisquer problemas, mas este jogo, todos já deviam saber disso, move ódios de longa data. Vai daí, o que mais se temia veio a acontecer, pois três adeptos do FC Porto foram detidos e três pessoas ficaram feridas durante o jogo. Os três adeptos do FC Porto foram detidos por terem lançado, durante o jogo, sete petardos e duas cadeiras na direcção dos simpatizantes do Benfica. Durante o jogo, 50 adeptos do FC Porto foram retirados das bancadas para serem revistados e a maioria não regressou para dentro do estádio.
Depois disto, a posição da polícia é de contentamento com a sua prestação, fazendo um saldo positivo deste jogo e da sua actuação. Parece-me inpensável que se faça um saldo positivo, quando a polícia não actuou na prevenção de males maiores, pois se actuaram na repressão dos agressores, antes, durante e depois do jogo, parece-me ilógico, que só depois de sete petardos rebentarem vindos das claques do FC Porto é que alguns dos seus elementos foram revistados. Porque é que tal não foi feito antes do jogo, antes da entrada no estádio, como acontece com qualquer outros assistente?
Os dirigentes dos clubes, federativos, da Liga e autoridades deste país, têm que tomar medidas para acabar com este clima de guerra civil criado em torno destes jogos. Portugal não aprendeu com os erros do passado, onde, recordo, um adepto do Sporting foi morto em plena festa do futebol, quando foi ao Jamor ver a final da Taça de Portugal do seu clube contra o Benfica e foi alvo de um disparo de um foguete very-light, vindo do topo oposto do estádio, saído de uma das claques do Benfica.
As claques continuam a espalhar a sua onda de terror pelos estádios de futebol, quando são indivíduos patrocinados pelos clubes e que nem pagam o mesmo que os cidadãos anónimos para assistir aos espectáculos.
Se os clubes não acabam com as suas claques, então identifiquem-se os intervenientes nas batalhas campais e proibam-se de entrar nos estádios. Para bem do futebol, o espectáculo que em Portugal mobiliza mais interesse e movimenta mais massas, ponham mãos nestas atitudes deploráveis. Não acabem com a única coisa que ainda vai dando algum ânimo aos portugueses.