Trapalhadas políticas

Em nome da transparência há quem tenha alcançado muitos votos nos actos eleitorais mais recentes, ao ponto de destituir quem ocupava os cargos e..., reforço, com base na promessa de mudança e lisura de processos, acabaram por chegar ao poder. Ora a Democracia é isso mesmo, quem melhor promete, ou melhor convence acaba por chegar ao poder. Depois falta cumprir e, não raras vezes, as promessas ficam por isso mesmo... são como as palavras, leva-as o vento.
Refiro-me a este assunto, porque hoje marcam a actualidade nacional, dois casos que espelham estas minhas afirmações. A tentativa do Governo de querer esconder as nomeações políticas, não se achando no direito de informar os portugueses dos contornos das mesmas, através do meio legal para o efeito, entenda-se, o Diário da República. O outro caso, é o relatório da Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT), que revela irregularidades na autarquia de Setúbal, onde o novo executivo (comunista) arranjou forma de reformar sessenta empregados, com uma engenharia, ou chamar-lhe-ia, engenhoca, que em análise simples, beneficiou os empregados agora reformados e os cofres da autarquia, que como muitas outras passa por imensas dificuldades para satisfazer os compromissos do dia-a-dia.
Começamos pela medida que o Governo pretende aplicar, segundo a qual todos os contratos individuais de trabalho celebrados com o Estado vão deixar de ter de ser publicados em Diário da República. Até agora, são divulgados no Diário da República todos os elementos sobre a categoria ou as funções dos contratados, a remuneração acordada e o respectivo prazo da relação laboral.
Na prática, esta nova indicação implica que a grande maioria das entradas para a Administração Pública - nomeadamente para cargos de assessores do Governo e outros postos normalmente associados a contratações políticas - vai deixar de ser escrutinada pelos cidadãos.
Que conviniente. Mas, que coisa... Para quem tanto combatia na oposição os ditos "jobs for the boys" esta ideia é no mínimo ridicula, porque "quem não deve não teme". Porque será que os portugueses que estão na lista para ver se um dia conseguem ser "boys for de jobs", não podem saber os contornos dos negócios dos tais "jobs for the boys"? Pelo menos para sabermos em quanto está a parada... para nos deliciármos com a sorte dos bafejados pelos amigos que estão no poder...
Quanto ao caso da autarquia setubalense, a IGAT recomendou a dissolução da Câmara Municipal de Setúbal e a perda de mandato dos vereadores, incluindo do presidente, Carlos de Sousa. As conclusões da IGAT surgem na sequência da investigação ao casos das reformas compulsivas, alegadamente combinadas entre o Executivo municipal e mais de seis dezenas de funcionários da autarquia.
Parece-me no mínimo, ingenuidade por parte de Carlos de Sousa, ter entrado neste esquema recheado de ilegalidade e condenado à reprovação, pois este país está sem "rei nem roque", mas ainda não é a "República das bananas", mesmo que, como me parece ser o caso, seja uma medida interessante, que poderia resolver o problema dos excedentários que estão na administração local. No entanto, é totalmente ilegal.
Mas caro Carlos de Sousa, neste país ou se está do lado do poder e tudo nos é permitido, sendo ainda coroados de heróis populares, casos de Fátima Felgueiras, Avelino Ferreira Torres ou mesmo Alberto João Jardim, ou corre-se o risco de não ter esse poder a tapar as nossas irregularidades e sermos julgados em praça pública. Um conselho, para a próxima se quizer cometer ilegalidades, primeiro junte-se aos poderosos e depois aplique-as, porque dessa forma ainda terá direito a uma estátua ou o seu nome numa praça ou avenida local... bem sei, que não era essa a sua intenção.