Cavaco eleito há um ano...
Faz hoje um ano que Aníbal Cavaco Silva se tornou o 19º Presidente da República Portuguesa. Foi o primeiro homem a assumir o cargo, vindo da ala direita do quadrante político nacional, se bem que se apresentou com uma candidatura pessoal e independente, ou seja, a conseguir uma eleição à primeira volta, mercê de conseguir cativar apoios e votos em praticamente todos os pontos do panorama político nacional. Pode afirmar-se que a eleição de Cavaco para Belém foi muito mais que uma eleição de cariz político, até porque o cargo, de Presidente da República, ultrapassa a política, é uma instituição.
Cavaco Silva, depois de uma longa paragem da sua carreira política, após ter sido o primeiro-ministro português que consegiui um periodo mais longo de governação, pois foi o único líder partidário a conquistar duas maiorias absolutas consecutivas, o que o tornou no Primeiro-Ministro português que mais tempo permaneceu em funções em democracia (1985-1995), retirou-se da vida política e muitas vezes foi apontado como possível o seu retorno à política, mas só quando sentiu que a sua eleição seria quase inevitável, é que Cavaco regressou, para, sem concorrência, se tornar Presidente da República.
Para muitos foi tornado em "Acabado" Silva, para outros, previa-se que em tempos viria a ser o "Regressado" Silva, e estes últimos estavam certos, regressou e nem precisou de entrar na verdadeira guerra política, fugindo, sempre que possível, ao debate de ideias, para ser eleito à primeira volta.
Após doze meses como mais alta figura da Nação, o ex-primeiro-ministro tem orientado o seu mandato segundo o primado da cooperação estratégica com o Governo, desiludindo muitos daqueles que esperavam do ex-líder do PSD uma postura de confrontação com o Governo socialista.
Em relacção a estes dias de Presidência da República as vozes de discordia, curiosamente, ou talvez não, surgem por parte de alguns sectores do seu partido, o PSD, acusando o professor Cavaco Silva de ser, conivente com o Governo de Sócrates. Mas será que alguma vez, ficou no ar outra ideia, que não essa? Será que alguém votou em Cavaco, esperando que iria ser oposição em Belém, às directrizes de São Bento? Sinceramente, se alguém o pensou, que me desculpem, mas parece-me que andaram muito distraidos durante a campanha à presidenciais. Eu volto a afirmar, agora com base em factos consomados, o que disse há um ano atrás. Com Cavaco, a vida de Sócrates tem sido bem mais facilitada do que seria com Alegre ou Soares. Mas não foi essa estabilidade que os portugueses pretenderam quando votaram de forma tão expressiva, primeiro em Sócrates e depois em Cavaco? Os portugueses, no geral, parece que sabem bem que o país só pode ir para algum lado, sem houver estabilidade governativa. Espero é que o rumo seja este e que a dita estabilidade, não seja para nos levar cada vez mais para o abismo. Porque se assim for, então venha lá o Cavaco interventivo, tenhamos esperança que o professor e a sua experiência política e social, nos permita ter um Presidente regedor e não apenas, mais um "yes-man" de Sócrates, é que desses já nós estamos fartos. De qualquer forma, um ano depois da eleição e já com mais de dez meses volvidos da tomada de posse, os portugueses podem fazer uma retrospectiva e tirar conclusões.
Nota de destaque, pela positiva, para a forma como o Presidente da República vai assinalar a data, estando presente na cerimónia de reabertura do Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, assistindo ao concerto inaugural. Por uma questão de descentralização e apoio à cultura, parece-me muito bem...
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