Neste espaço pretendo partilhar com toda a blogosfera a minha visão sobre os assuntos que vão fazendo o dia-a-dia de todos nós, aqui passará à posteridade... Outros assuntos que mexam com o civismo, que vai faltando na nossa sociedade e a camaradagem, que é fundamental para seguir em frente... são bem vindos ao "civismo e camaradagem".

segunda-feira, novembro 13, 2006

"Liga dos Amigos da Fraude, Corrupção e afins"

O Relatório de Segurança Interna de 2005, que hoje foi tornado público confirma o que todos realmente já sabemos. Portugal sofre de uma praga que parece não ser possível, ou não haver vontade de eliminar.
Não, não se trata de nenhuma praga de gafanhotos, míldio, larvas ou piolhos. Porque para esses pequenos insectos, ou parasitas, o homem tratou de arranjar solução. Refiro-me aos crimes económicos, é essa a praga que devora as entranhas da sociedade lusitana.
Segundo o Relatório, a que me refiro, e que foi tornado público pelo Diário Económico, são 13 os inquéritos que são abertos diáriamente, relativos a indícios de fraudes, corrupção, branqueamento de capitais, crimes fiscais e infracções de tecnologia informática. Isto se incluirmos nesta distribuição diária, também os fins-de-semana e feriados, o que acho justo, porque se nesses dias as autoridades não abrem os ditos inquéritos, também nesses mesmos dias os crimes que lhe dão origem também podem acontecer, talvez em maior número que durante os dias úteis.
De Janeiro de 2005 até ao final de Outubro de 2006, o Ministério Público abriu mais de oito mil inquéritos de crimes económicos. A PJ, por sua vez, está a investigar 570 inquéritos relativos a indícios de corrupção, a maior parte dos quais na Administração Local.
Lá insvestigar, as autoridades até investigam, pelo menos uma parte das frudes económicas do nosso país, mas o que era realmente importante era que todos tivéssemos a percepção, de que realmente os prevaricadores acabam por ser punidos. Aí, tenho muitas dúvidas de que o sistema judicial actue. Eu falo por mim, mas certamente que muitos de nós teremos esta sensação, parece-me que nas nossas relacções do dia-a-dia, na sociedade em que nós vivemos, há muitos casos de pessoas que, como diz o povo, "sobe na vida" às custas desta artimanhas e os sinais exteriores de riqueza não deixam grandes dúvidas, no entanto a ilegalidade, a fraude, a corrupção e outros delitos do fôro económico, continuam a compensar, pelo menos àqueles que conseguem colocar a cabeça no travesseiro e dormir sonos profundos, sabendo que, por exemplo, para conseguir a licença para a sua construção ou negócio, tiveram que saltar uma série de etapas e requisitos legais e "untar" as mãos dos corruptíveis agentes licenciadores... Mas será que isso não faz parte do espírito dos portugueses? Das nossas tradições? Da conhecida cultura do "desenrasca"?
Já estou a imaginar, o que poderá acontecer, caso as autoridades, no absurdo, conseguiem actuar e irradicar da nossa sociedade estes crimes económicos.
Começavam a surgir associações, a lutar pelas tradições de um povo, para manter a etnografia e folclore lusitano. Pois é bem verdade que se defendemos o Fado, as Touradas e até mesmo Iscas, Caracóis e Tremoços, porque são a nossa tradição, então tem lógica, sim senhor... Que se comece a criar a "Liga dos Amigos da Fraude, Corrupção e afins" é que há lá tradição mais instalada na nossa sociedade que esta?
E depois, tem algo de muito mais interessante, porque está presente em todos os cantos do país e se formos a analizar bem, está globalizada à escala planetária... Mas aqui, ao contrário de muitas outras vertentes, nós os "portugas" estamos na linha da frente, pelo menos é o que eu sinto. Isto apesar de na pretérita semana ter sido surpreendido com um relatório internacional de índice de corrupção da instituição “Transparency International”, que nos coloca muito bem, 26º país menos corrupto entre 163 nações. Enfim, se comparado com outros países estamos assim tão bem! Então reforço a ideia, os crimes económicos estão realmente na moda...