Neste espaço pretendo partilhar com toda a blogosfera a minha visão sobre os assuntos que vão fazendo o dia-a-dia de todos nós, aqui passará à posteridade... Outros assuntos que mexam com o civismo, que vai faltando na nossa sociedade e a camaradagem, que é fundamental para seguir em frente... são bem vindos ao "civismo e camaradagem".

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Afeganistão: Uns vão, outros vêm e o Ricardo vem mas... volta

Mais 36 militares portugueses partiram esta manhã do aeroporto de Figo Maduro, rumo ao Afeganistão, onde vão fazer parte de um grupo de 157 militares que vão render o contingente português da Força Internacional de Assistência e Segurança (ISAF).
Partiram hoje 31 efectivos da Companhia de Comandos e cinco da Força Aérea. Os cinco militares da Força Aérea Portuguesa irão constituir o Grupo Táctico de Controlo Aéreo. O efectivo da Companhia de Comandos, pertencente à Brigada de Reacção Rápida, constitui o primeiro grupo, de um total de dois, que irá render a 1ª companhia de comandos que se encontra no Teatro de Operações, em Cabul, desde Agosto de 2005.
Uma presença portuguesa em Cabul, que, para já, fica marcada pela morte de um militar e ferimentos em mais dois elementos do contingente lusitano. Permitam-me que diga desde já, que sou completamente contra à presença de tropas portuguesas em missões em conflitos internacionais.
No caso do Afeganistão tenho um amigo, práticamente familiar em Cabul e não consigo deixar de ter orgulho na postura do Ricardo, na forma como aceitou a missão e em Agosto partiu para terras ameaçadas pelos talibãs. Porque entendo que quem faz da vida militar a sua vida, deve estar preparado para ser o primeiro a dizer presente quando para tal é solicitado. Ser militar é defender a pátria e os interesses que quem dirige a nação, entende serem os da nossa nação.
O regresso a Portugal do primeiro grupo de 20 militares da Companhia de Comandos que será rendida, está previsto para sexta-feira, também em Figo Maduro. Aí virá o meu amigo Ricardo, esperávamos por ele ontem, mas não foi possível a vinda, estaremos à espera dele na sexta-feira.
O Ricardo traz com ele uma exeperiência de vida fantástica, como ser humano aquele menino, que se transformou em homem, vem enriquecido. Dos poucos comandos deste contingente que vão voltar para Cabul, o Ricardo foi escolhido e aceitou regressar. Mais orgulho, muito orgulho para os amigos e familiares... Não só enfrentou as temperaturas e perigos de Cabul, como o fez com distinção, vai voltar, mas para já contamos as horas para o voltar a ver e lhe dar os parabéns.
Como o Ricardo, muitos outros motivos de orgulho tem esta nação, porque naquele e noutros conflitos os portugueses têm sido exemplares no desempenho das suas missões... continuo a não perceber é porque é que temos que para lá ir... é que mesmo os melhores, têm baixas e a vida humana e a dor dos familiares que cá ficam, vale muito... muito mesmo.
Além do Afeganistão, Portugal tem actualmente militares destacados na Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Iraque, Timor-Leste, República Democrática do Congo e Alemanha, em missões da ONU, NATO e União Europeia, num total de 894 efectivos. Para todos estes homens e mulheres a minha singela homenagem.

terça-feira, janeiro 24, 2006

O Ricardo está de volta

No próximo domingo, está de volta à Marinha Grande o jovem Ricardo Gomes, um Comando que esteve nos últimos seis meses em missão de Paz no Afeganistão. Independentemente, de estar ou não, de acordo com a presença de militares portugueses em missões no estrangeiro, este marinhense enche-me de orgulho pela sua postura, não só ao longo da infância e adolescência, como agora enquanto adulto.
O Ricardo, que para mim é como se fosse um sobrinho (é primo de dois sobrinhos meus...) é um menino de quem os seus pais e familiares muito se devem orgulhar, tal é a sua educação (assim como o seu irmão), com muito respeito pelo próximo, em especial pelos idosos, coisa rara na sociedade que vivemos... O Ricardo é um dos exemplos que melhor espelham os fundamentos deste Blog, Civismo e Camaradagem.
Sem ser um menino de couro, é um Comando que enfretou um dos pontos do globo de maior tensão, é um Homem que nos merece um respeito enorme... deve ser um exemplo para muitos jovens, com grande espírito de camaradagem pelos seus camaradas de missão, mas também pelos seus amigos e familiares, os quais estão sempre presentes em tudo o que escreve.
O Ricardo, que calça o 47, mesmo assim parece-me ter um pé pequeno, tendo em conta o tamanho da sua dignidade.
É de Picassinos, foi atleta da SIR 1º Maio, é um grande motivo de orgulho para os picassinenses em particular e para todos os marinhenses em geral.
Domingo, ao final da tarde, o Ricardo vai ser recebido no café Ponto Final, em frente à capela de Picassinos, todos serão bem vindos para dar aquele abraço ao Ricardo e se não o conhecem, aqui está uma excelente oportunidade para o fazerem.
Domingo a oito, o Campo do Tojal vai servir de palco a mais uma festa de boas-vindas deste nosso herói... e que susto que todos nós apanhámos no dia em que soubemos que a morte tinha surgido na comitiva portuguesa em Cabul... Mas o Ricardo, felizmente está de volta e parece, que vai ser um dos poucos que vão regressar para Cabul, tal foi a sua postura no desempenho da sua missão. Mas para já, estamos todos desejosos de lhe dar aquele abraço.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Cavaco no centenário da República

Ontem os portugueses elegeram o seu 18º Presidente da República, Aníbal António Cavaco Silva, o homem que irá ter o privilégio de ser a principal figura da nação na altura das comemorações do centenário sobre a implementação da República no nosso país.
Esta eleição é digna de realce ainda pelo facto de pela primeira vez, em Democracia, 31 anos depois do 25 de Abril, ser eleito para Chefe de Estado um homem proveniente da direita, com passado político que não deixa dúvidas sobre esse facto, apesar de para chegar ao triunfo, Cavaco tenha optado por se colar o menos possível ao seu partido, PSD, e ao outro da direita, que só raramente chamou pelo nome, CDS-PP.
A República em Portugal, começou pela natural instabilidade política e social e durante a chamada primeira república, que durou de 1910 a 1926, Portugal teve oito presidentes da república, sete parlamentos e quase 50 governos...
O primeiro Presidente da República, foi o açoriano Manuel de Arriaga, eleito a 24 de Agosto de 1911 com 121 votos, contra os 86 alcançados pelo natural do Rio de Janeiro, Bernardino Machado. Seguiu-se outro açoriano, Teófilo Braga, depois Bernardino Machado, teve a sua primeira de duas passagens pelo cargo.
Sidónio Pais, foi o quarto Presidente, mas ficou marcado por ser o primeiro a ser eleito por sufrágio directo dos cidadãos, acabando por ser alvo de duas tentivas de homicídio, não resistindo à segunda. Junto à estação do Rossio, quando se preparava para seguir para o Porto, foi alvejado com dois tiros e antes de morrer ainda disse... "Morro bem! Salvem a Pátria!". Seguiram-se António José de Almeida e Teixeira Gomes.
A instabilidade social que se vivia, deu origem ao Estado Novo e Ditadura, com imposição do silêncio e tudo começou com um algarvio, Mendes Cabeçadas de Loulé, que governou 20 dias acumulando o cargo com o de Presidente da República. Seguiu-se Gomes da Costa com funções idênticas, até que foi deposto por Óscar Carmona, que acabaria por estar no cargo de Presidente do Ministério, e depois decretado Presidente da República, onde permaneceu até à morte, durante quase 25 anos, sendo reeleito quatro vezes, sempre sem oposição, até porque Salazar já governava e a ditadura, estava instalada em Portugal.
Voltando aos presidentes da república, ainda com Salazar seguiu-se Craveiro Lopes e depois Américo Tomás, nomeado pela União Nacional, e depois reeleito com escrutínio viciado pelo regime salazarista, que impediu Humberto Delgado, com forte simpatia popular, de ser eleito. Delgado acabou por mais tarde, ser assassinado pela PIDE em Olivença. Américo Tomás, acabaria por resistir à morte de Salazar e com Marcelo Caetano, foram até ao 25 de Abril.
Com a chegada da liberdade, Spínola, Costa Gomes, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e agora... Cavaco Silva, completam o leque dos presidentes desta república, que desde a eleição de Soares, entrou noutro rumo, deixaram de ser eleitos militares, passaram a ser cargos assumidamente políticos... com máquinas partidárias a assumirem as despesas e riscos das eleições... Esperamos para vêr o rumo que o nosso país leva, sempre com enorme respeito pela vontade popular e desta feita Cavaco Silva é o grande vencedor... que saiba honrar a confiança da maioria dos portugueses que exerceram o seu direito de voto.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Domingo acaba a novela...

Estamos na última semana de campanha eleitoral antes das eleições presidenciais do próximo Domingo. Para muitos portugueses é o início do fim de um suplício, que há várias semanas nos entra em casa todos os dias, a rivalizar com outras novelas, as de ficção.
Esta novela que vai acabar no Domingo, não nos vai desvendar quem matou o António, ou se o Rodrigo é mesmo irmão da Joana. Aqui os personagens são outros... Quem será o novo inquilino de Belém? É esta a grande questão.
Tudo começou há mais de um ano com os rumores de que a ala direita desta embarcação se preparava para o assalto à residência de Belém, para pela primeira vez o cadeirão ser ocupado por alguém vindo da direita... neste caso, preparava-se para que um dos Cavacos do Algarve assaltasse a residência e com ele abrisse o caminho para o regresso da ala destra ao poder...
As suspeitas tardaram a serem confirmadas, apesar dos avisos vindos da ala vermelha do lado esquerdo da embarcação que já tinha dito aos que nos últimos anos deixaram o vermelho e de ter o punho cerrado e passaram a vestir mais cor-de-rosa, adaptando-se às novas tendências da moda, mas estes não quizeram uniões na sua ala e vai daí, até os rosas se dividiram.
Alegre entende que pode ser o eleito da ala esquerda e entre rimas e canções lá vai rumo a Belém, porque a estrela das suas convicções o guia para o trono... Por outro lado, Soares recusava na festa dos 80 anos voltar a ocupar a residência onde viu a sua família crescer e onde viu os seu filhote, o Joãosinho, fazer algumas das traquinices típicas das crianças, claro, velhos tempos, até porque a criança cresceu e agora as traquinices são feitas noutros locais...
O homem que ajudou a libertar a embarcação das garras do pirata que cai da cadeira, acabou por não resistir e tenta retornar a um local que tantas e boas recordações lhe traz...
Mas, nesta novela da vida real o tempo não volta atrás e os telespectadores já procuram outro tipo de protagonistas e vai daí, as sondagems diárias, ao jeito de share de audiências televisivas, demonstram que a ala direita vai levando o barco a bom porto... e quando chegamos à recta final desta corrida, só a ala com um rosa mais Alegre e menos... velho e gasto é que parece conseguir fazer alguma frente à onda cavaquista...
Enfim, só no final se vai vêr quem segura o cadeirão... mas que a novela tem sido chata e muito previsível, lá isso tem...
Pode ser que o final seja imprevisível... agora só depende dos telespectadores, saber que final escolhem para esta novela, que vai ter muita importância no futuro próximo do destino desta embarcação... que teima em continuar ano após ano com marcha a ré...