Neste espaço pretendo partilhar com toda a blogosfera a minha visão sobre os assuntos que vão fazendo o dia-a-dia de todos nós, aqui passará à posteridade... Outros assuntos que mexam com o civismo, que vai faltando na nossa sociedade e a camaradagem, que é fundamental para seguir em frente... são bem vindos ao "civismo e camaradagem".

terça-feira, novembro 28, 2006

As duas faces da sociedade actual

Hoje vou abordar duas realidades distintas da sociedade actual. Duas faces do rosto desta cara sociedade, que num momento revela a fera urbana que há em todos nós, como logo a seguir mostra a capacidade de dar sem receber nada em troca, a não ser, o prazer de ajudar... que afinal, até é muito.
Este fim-de-semana fui à bola com a família e aí lembrei-me várias vezes como é bom viver numa pequena cidade como felizmente acontece. Estou a pouco mais de uma hora dos grandes centros urbanos deste país, ou seja, rapidamente, se for necessário, nos colocamos lá, onde muitas das coisas acontecem, tal como muitos dos que vivem nos subúrbios de Lisboa e Porto, que devem demorar, mais tempo que isso desde que diariamente saiem dos seus lares, até chegarem aos postos de trabalho.
Mas voltando ao que constatei no terreno, ou seja, nesta minha viagem à selva urbana, pude ver níveis de competição muito elevados, com os cidadãos a lutarem por um lugar no estacionamento, os arrumadores a lutarem pelo seu território e se algum entra em campo que já tem dono, surgem conflitos. Tive essa experiência, pois dei uma moeda a alguém que me ajudou a encontrar um local para estacionar, mas pelos vistos aquela zona era de outro cidadão, que rapidamente atirou o seu utensílio de trabalho, ou seja, o "jornal enrolado" para o chão e cerrou os punhos, entrando em luta com o outro rapaz. Isto apesar de eu entretanto já ter dado uma moeda a ambos. Vi cidadãos a lutarem ferozmente por uma posição na fila de trânsito, olhando em frente como se não tivessem visão co-lateral e não se apercebessem que ali ao lado estado um semelhante à espera de um gesto de bondade e civismo. Mas não... na selva urbana todos os centímetros de asfalto contam, é como se fosse essa conquista diária, a razão da sua existência. Depois vi nas ditas filas, que já me tiravam do sério, aqueles que vão sempre a falar ao telemóvel, é que assim têm companhia, é verdade. Mais uma vez provou-se que nos grandes centros urbanos, os cidadãos são solitários, apesar de viverem em comunidades de milhões de habitantes. Até porque, muitos dos que lá vivem têm a infelicidade de nem saber quem são os seus vizinhos, os que entram e saiem da porta da frente todos os dias e partilham o mesmo elevador que nós.
Vi também a luta acesa por um lugar na fila dos hipermercados. Como os olhos vidrados, alguns deles camuflados por detrás de óculos escuros, quando nem na rua havia sol, muito menos dentro dos estabelicimentos comerciais. Mas de repente, como que por magia, aqueles mesmos cidadãos sofriam um ataque de solidariedade e foi bonito ver, que afinal ainda somos humanos, ainda temos capacidade de dar, pelo menos se for para alguém sem rosto... que não vemos o sofrimento. Vi muitos cidadãos a contribuirem para a recolha de bens do Banco Alimentar contra a Fome, vi o prazer no rosto das crianças que entregavam o saco com comida para quem nada tem. Aí vi uma Luz ao fundo túnel, apercebi-me que afinal ainda somos humanos, ainda ajudamos o próximo, ainda temos coração. Voltei para a minha pacata cidade mais tranquilo, pois a selva urbana, afinal é só "fachada", é tudo a fingir, as pessoas vestem os fatos de animais irracionais, só por necessidade, porque todos têm coracção e repleta de bondade para dar. Que bom que é saber, que o ser humano ainda não perdeu a sua capacidade de ajudar...
A Campanha do Banco Alimentar Contra a Fome angariou 1.509 toneladas de alimentos no âmbito da segunda fase da campanha anual de recolha de alimentos, num acréscimo de 2% em relação à campanha de recolha de Novembro de 2005. Agora, estes alimentos recolhidos serão distribuídos a mais de 219 mil pessoas carenciadas por 1.380 instituições de solidariedade social.
Afinal de contas, ainda tenho esperança na nossa espécie, ainda há bons sentimentos, ainda somos humanos, bem hajam a todos os que ajudámos...
Palavra especial para os cidadãos que prescindiram do seu tempo para, de forma graciosa, recolher, seleccionar e armazenar e mais tarde distribuir estes bens alimentares. Foram 14 mil voluntários que trabalharam para os que têm pouco, parabéns a todos... a solidariedade acredito, pode ser uma das novas maravilhas do Mundo, porque têm sido muitos os exemplos que revelam que estamos cada vez mais solidários... Por isso, ainda há esperança no Ser Humano.

Abandono escolar, uma praga por erradicar

A semana passada era este o meu habitual pensamento da 2.ª-feira:

Hoje pretendo falar-vos de mais um insucesso das políticas governamentais portuguesas da úlitma década, ou diria mesmo, porque é verdade... mais um desatroso resultado das políticas erradas com que os nossos governantes têm vindo a reger os seus mandatos.
O Jornal de notícias revela-nos, um estudo de investigação do economista Eugénio Rosa aos números do Eurostat referentes ao abandono escolar, que revela que o abandono escolar em Portugal diminuiu apenas 0,1% nos últimos 10 anos, enquanto a média comunitária foi de 4,6%. No estudo é referido que, em 1996, o abandono escolar foi de 40,1%. Passados dez anos, esse número está em 40%. Ou seja, sem mais desculpas nem justificações de conjecturas desfavoráveis, em que os políticos são craques, na arte de fugir com o dito cujo à seringa... Os ministros com responsabilidade na área da educação da última década têm que admitir que erraram, mas não só eles, todos os governantes, têm culpas no "cartório", talvez até mais que os titulares das pastas da educação, é que esta guerra de combate ao abandono escolar, ao ser perdida, deve-se acima de tudo às más opções macro-económicas do país, que obrigam os jovens a ter que entrar no mercado do trabalho antecipadamente, para serem mais um a ganhar para o todo familiar. Por outro lado, não deixa de ser verdade, que os incentivos por parte da comunidade escolar, à continuidade dos jovens no seu seio, têm sido poucos e salvo raras excepções, as escolas continuam a ser "papões" aos olhares dos jovens. É ainda uma seca ir para a escola, carregar pilhas de livros, ouvir aulas chatas e aprender matérias que aos olhos dos alunos, que é o que realmente interessa, não servem para nada. Por muito que nos custe admitir isto, é assim que muitos dos nossos jovens olham para a escola. Sabemos que estão errados, mas porque é que nada muda, para lhes mostrar que a escola, a formação, é fundamental para o seu futuro e para o futuro do país?
Segundo Eugénio Rosa, mais grave, é que o referido estudo do Eurosat, revela que entre 2005 e 2006, o abandono escolar aumentou em Portugal, pois passou de 38,6% para 40%, enquanto a média comunitária continuou a descer. Neste caso, Maria de Lurdes Rodrigues e as suas políticas nada populares, também deverá reconhecer (sabemos que não o fará...), que essas mesmas políticas têm conduzido ao que não se pretende, ou seja, ao desacreditar por parte dos alunos e seus educadores, de que vale a pena fazer um esforço e continuar a estudar.
Em 1996, o abandono escolar em Portugal era 1,9 vezes superior à média da UE a 15, enquanto que, em 2006, já era 2,3 vezes superior à média da UE a 15. Quanto ao período 2005-2006, o aumento foi de 1,4%, o que significa um crescimento de 3,6%, enquanto a média comunitária continuou a diminuir (em 0,1%).
Mas não se pense que o insucesso do sistema de educação em Portugal se limita aos jovens, pois o estudo conclui ainda que a percentagem de população adulta envolvida em acções de formação-educação diminuiu entre 2000 e 2005, o que também contraria a tendência dos países da União Europeia.
Bem, só posso concluir que continuamos a remar contra a maré. Se a Europa, vai num determinado sentido, por que razão é que nós continuamos em tudo a ir contra a tendência dos estados que connosco fazem esta grande nação chamada Europa? Será que estamos certos e todos os outros errados? Será que nunca mais deixamos a cauda do Velho-continente? Triste "fado" o nosso, este de ser português...

segunda-feira, novembro 13, 2006

"Liga dos Amigos da Fraude, Corrupção e afins"

O Relatório de Segurança Interna de 2005, que hoje foi tornado público confirma o que todos realmente já sabemos. Portugal sofre de uma praga que parece não ser possível, ou não haver vontade de eliminar.
Não, não se trata de nenhuma praga de gafanhotos, míldio, larvas ou piolhos. Porque para esses pequenos insectos, ou parasitas, o homem tratou de arranjar solução. Refiro-me aos crimes económicos, é essa a praga que devora as entranhas da sociedade lusitana.
Segundo o Relatório, a que me refiro, e que foi tornado público pelo Diário Económico, são 13 os inquéritos que são abertos diáriamente, relativos a indícios de fraudes, corrupção, branqueamento de capitais, crimes fiscais e infracções de tecnologia informática. Isto se incluirmos nesta distribuição diária, também os fins-de-semana e feriados, o que acho justo, porque se nesses dias as autoridades não abrem os ditos inquéritos, também nesses mesmos dias os crimes que lhe dão origem também podem acontecer, talvez em maior número que durante os dias úteis.
De Janeiro de 2005 até ao final de Outubro de 2006, o Ministério Público abriu mais de oito mil inquéritos de crimes económicos. A PJ, por sua vez, está a investigar 570 inquéritos relativos a indícios de corrupção, a maior parte dos quais na Administração Local.
Lá insvestigar, as autoridades até investigam, pelo menos uma parte das frudes económicas do nosso país, mas o que era realmente importante era que todos tivéssemos a percepção, de que realmente os prevaricadores acabam por ser punidos. Aí, tenho muitas dúvidas de que o sistema judicial actue. Eu falo por mim, mas certamente que muitos de nós teremos esta sensação, parece-me que nas nossas relacções do dia-a-dia, na sociedade em que nós vivemos, há muitos casos de pessoas que, como diz o povo, "sobe na vida" às custas desta artimanhas e os sinais exteriores de riqueza não deixam grandes dúvidas, no entanto a ilegalidade, a fraude, a corrupção e outros delitos do fôro económico, continuam a compensar, pelo menos àqueles que conseguem colocar a cabeça no travesseiro e dormir sonos profundos, sabendo que, por exemplo, para conseguir a licença para a sua construção ou negócio, tiveram que saltar uma série de etapas e requisitos legais e "untar" as mãos dos corruptíveis agentes licenciadores... Mas será que isso não faz parte do espírito dos portugueses? Das nossas tradições? Da conhecida cultura do "desenrasca"?
Já estou a imaginar, o que poderá acontecer, caso as autoridades, no absurdo, conseguiem actuar e irradicar da nossa sociedade estes crimes económicos.
Começavam a surgir associações, a lutar pelas tradições de um povo, para manter a etnografia e folclore lusitano. Pois é bem verdade que se defendemos o Fado, as Touradas e até mesmo Iscas, Caracóis e Tremoços, porque são a nossa tradição, então tem lógica, sim senhor... Que se comece a criar a "Liga dos Amigos da Fraude, Corrupção e afins" é que há lá tradição mais instalada na nossa sociedade que esta?
E depois, tem algo de muito mais interessante, porque está presente em todos os cantos do país e se formos a analizar bem, está globalizada à escala planetária... Mas aqui, ao contrário de muitas outras vertentes, nós os "portugas" estamos na linha da frente, pelo menos é o que eu sinto. Isto apesar de na pretérita semana ter sido surpreendido com um relatório internacional de índice de corrupção da instituição “Transparency International”, que nos coloca muito bem, 26º país menos corrupto entre 163 nações. Enfim, se comparado com outros países estamos assim tão bem! Então reforço a ideia, os crimes económicos estão realmente na moda...

segunda-feira, novembro 06, 2006

Saddam: A hipocrisia do Mundo dito civilizado

Saddam Hussein, o antigo presidente do Iraque, volta a estar "nas bocas do Mundo", pois o Supremo Tribunal Penal iraquiano, pronunciou a sua condenação à morte, assim como mais dois dos oito acusados no processo de Doujail. Além de Saddam Hussein, foram condenados à pena capital um dos seus três meios-irmãos e antigo chefe dos serviços de informações, Barzan al-Tikriti, e o antigo presidente do tribunal revolucionário. Os regulamentos do tribunal prevêem um procedimento automático de recurso em casos de condenação à morte, o que poderá fazer adiar por várias semanas ou meses a execução da sentença.

Bem, estes três elementos simbolizam aos olhos da justiça iraquina o regime ditaturial que governou aquele poderoso país do médio-oriente, que esteve à frente do destino daqueles cidadãos e do seu sub-solo...

Pode-se afirmar sem correr o risco de ser cruel, que numa análise simplista destas condenações, em especial a de Saddam, que foram vítimas do próprio veneno, ou seja, Hussein e seus pares que sentenciaram à morte tantos cidadãos, fomentaram que essa cruel e bárbara forma de penalizar os prevaricadores fosse o "pão nosso de cada dia" naquele país e eis que agora, que o regime totalitarista caiu, por acção de força internacional liderada por Norte-americanos e britânicos (não confundir, com Nações Unidas, porque não foi esse o caso, como sabemos), acaba por ser condenado à morte o próprio que tanto defendeu essa deplorável forma do Homem, fazer justiça, que, perdoem-me, não lhe compete a si fazer... ninguém tem o direito de tirar a vida a nenhum semelhante.

Já deu para perceber que sou totalmente contra a Pena de Morte e mesmo no caso de Saddam Hussein, oponho-me terminantemenet a essa pena, até se de Oussama Bin Laden se tratásse, diria exactamente o mesmo. Compreendo os argumentos dos que defendem a pena de morte, que curiosamente são os mesmos que se opõem à despenalização do aborto, porque defendem o direito à vida... Mas, reitero a minha firme convicção de que pena de Morte... Nunca, em caso algum.

Tal como eu pensam a Amnistia Internacional, a União Europeia, o Vaticano e muitos outros. Do lado dos que se congratulam com a medida surgem, compreensivelmente os invasores do Iraque, Grã-Bretanha (que não a versão oficial, da reação de Tony Bear, que se manifestou contra a decisão do tribunal...), Estados Unidos, entre outros.
Mas, agora digam lá se a um dia de mais umas eleições internas nos "States", não dá muito jeito aos Republicanos de George W. Bush, que esta decisão tenha sido aplicada, para júbilo do espírito de "olho por olho, dente por dente" americano, como se de uma "fantochada" do género "Wrestling" se tratásse... É que assim, alguns americanos até podem lhe perdoar os mais de 3 mil americanos que já foram mortos no Iraque depois da ocupação. Parabéns, senhores imperialistas e Donos do Mundo, esta decisão saiu no "timming" correcto.
Depois há uma visão politicamente correcta que quero realçar, porque talvez seja a visão mais sensata e de acordo com a realidade, a da Rússia de Putin, é que a diplomacia russa considera o julgamento de Saddam Hussein um assunto interno do Iraque e defende ser necessário evitar a politização da sentença ditada pelo tribunal iraquiano.
Pois é, mas se o Mundo interviu nos assuntos internos iraquianos para colocar fim ao regime opressivo que reinava, não seria coerente que fosse o Tribunal Internacional, com as leis internacionais e do mundo dito civilizado, a julgar o ditador Saddam Hussein?
A mim, parece-me que os militares invasores poderiam ter sido mais coerentes e acabavam com tudo isto, executando o presidente iraquiano assim que o encontraram no seu refúgio. Ao menos tinham sido mais honestos e não pactuavam com a hipocrisia que reina neste Mundo cruel.