Neste espaço pretendo partilhar com toda a blogosfera a minha visão sobre os assuntos que vão fazendo o dia-a-dia de todos nós, aqui passará à posteridade... Outros assuntos que mexam com o civismo, que vai faltando na nossa sociedade e a camaradagem, que é fundamental para seguir em frente... são bem vindos ao "civismo e camaradagem".

segunda-feira, outubro 30, 2006

Passagens para a morte...

Numa altura em que quando se fala em caminhos de ferro vem-nos à cabeça o projecto do TGV, com a velocidade a encurtar as distâncias entre os grandes centros de Portugal e a sua ligação a Espanha e, consequentemente ao resto da Europa. Poucos dias depois de ficarmos a saber por que margem do Tejo, o dito TGV irá entrar em Lisboa, que uma nova ponte sobre o Tejo será necessária, por que ponte vai atravessar o Douro e qual a sua estação na cidade invicta. Enfim, depois de tanto andarmos a olhar para o futuro e com a cabeça já nesse meio de transporte, que actualmente, para muitos países já é obsoleto, mas para nós é visto como uma "coisa do outro mundo...". Eis, que um acidente e três mortos, nos fazem cair na realidade, é que ainda temos linhas atravessadas por muitas passagens de nível (PN), onde periódicamente se perdem vidas.
No sábado, em Ortigosa, Leiria, um comboio que circulava na Linha do Oeste abalroou uma viatura na passagem de nível em Casal da Boca, provocando a morte de três pessoas da freguesia e deixando outra em estado grave. O acidente ocorreu pouco depois do almoço, quando o condutor da viatura, um agricultor com 55 anos, acompanhado por outro homem da mesma idade e um casal na casa dos 70 anos, se preparavam para atravessar a linha, em direcção aos campos do Lis, para deixar milho numa pecuária. A viatura foi arrastada cerca de 300 metros do local onde ocorreu o acidente.
Recodo que a supressão de passagens de nível é uma obrigação legal determinada pelo Decreto-lei nº. 568/99, segundo o qual devem a REFER, a Estradas de Portugal e as Autarquias que tenham a seu cargo vias rodoviárias que incluam passagens de nível, desenvolver planos de supressão.
O objectivo é a diminuição da sinistralidade nas PN, consideradas, pela própria REFER, "uma das componentes mais perturbadoras do sistema de exploração ferroviária, sendo também pontos de conflito geradores de permanente insegurança".
Segundo a REFER, dando cumprimento à determinação legal, foram suprimidas cerca de 1.200 PN nos últimos seis anos, "tendo em consequência o número de acidentes nestas travessias reduzido em cerca de 50 por cento no mesmo período, apesar do aumento do tráfego rodoviário".
Na Linha do Oeste existem actualmente 63 passagens de nível, sendo duas guardadas, 38 automáticas, 16 sem guarda, duas particulares e cinco pedonais. Refira-se que o distrito de Leiria é atravessado pelas Linhas do Norte, em 30 quilómetros, e do Oeste, em cerca de 110. Na Linha do Norte, na sequência da renovação efectuada, não existem atravessamentos de nível à via-férrea, tendo sido suprimidas, desde 2000, 10 PN guardadas e 7 pedonais.
Voltando ao acidente do passado sábado, a pergunta que fica no ar é... e agora? Independentemente de naquele fatídico início de tarde, o sinal estar vermelho ou não, de ter ocorrido erro do mecanismo ou humano. O que é um facto é que as passagens de nível da linha do Oeste (à semelhança de outras do país...) voltam a ser palco de mortes e pelos vistos ao Governo, não chega legislar sobre esta calamidade, há que agir. Acabem com o slogan "Pare, Escute e Olhe" e de uma vez por todas, parem de olhar para o futuro e coloquem a cabeça no lugar e tomem medidas imediatas para acabar com as passagens de nível. Antes de pensarem em levar os executivos de Lisboa ao Porto, de combóio, em pouco mais de duas horas, parece-me muito mais urgente, permitir que agricultores, operários, reformados, estudantes e demais cidadãos anónimos possam ir de um lado para o outro da linha férrea sem correr o risco de perder a vida de forma tão terceiro mundista.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Bibliotecas escolares e hábitos de leitura

Hoje assinala-se o Dia Internacional das Bibliotecas Escolares e sabe-se que 1770 estabelecimentos de ensino e mais de 700 mil alunos portugueses beneficiam destes espaços, este número só seria bom se correspondesse à totalidade, mas não corresponde. É que a maioria das escolas do 1º ciclo do ensino básico ainda não dispõe de biblioteca escolar, pois quanto mais velhos são os alunos mais estabelecimentos estão dotados de espaços de leitura.
Segundo dados do Ministério da Educação, 807 escolas públicas do primeiro ciclo e 963 de outros níveis de ensino possuem aquele tipo de instalações, no âmbito do Programa Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), que abrange 770.099 estudantes. Ainda assim, falta instalar bibliotecas escolares no âmbito do Programa RBE em 81% dos estabelecimentos do 1º ciclo, sendo que nos outros graus de ensino apenas 12% estão por contemplar.
Ou seja, oito em cada dez crianças que dão os primeiros passos na educação, não têm contacto com bibliotecas, começam muito mal a sua formação e como diz o ditado "o que nasce torto... tarde ou nunca se indireita." Depois, parece-me óbvio que continuemos a ser um povo com índices de leitura muito reduzidos, com a natural consequência na falta de conhecimento, de cultura, de educação de um povo que em tempos "quiz-se burro", mas que há mais de três décadas deu o grito de liberdade, que quer evoluir e crescer. Mas como pode isso acontecer, se todos nós, ou pelo menos a maioria (refiro-me aos menos abonados, que são a maioria dos portugueses...) continua a ter escolas do tempo da velha senhora, completamente ultrapassadas.
O que vimos, são as crianças a sairem mal-formadas das escolas do 1º ciclo, a começarem mal a sua vida escolar, depois quando chegam a estabelecimentos de ensino com outro tipo de condições, mais centrais, aí já não é fácil de lhes incutir o espírito de querer saber mais, de se superarem, de conquista de novos mundos.
Se é um facto que apesar de pequeno, o nosso país tem realidades distintas entre litoral e interior, cidades e aldeias, então também aqui parece que a medida de concentração de alunos das antigas escolas primárias, em escolas do ensino básico centralizadas, poderá ser uma medida acertada, desde que, claro, estas tenham as tais condições apropriadas para receberem mais alunos e com concentração de meios, poderá ser rentabilizado o investimento.
É urgente que de uma vez por todas se faça uma campanha nacional pela leitura, que se promova o gosto pelo melhor amigo do homem... que não é o cão não senhor. É o livro, que transmite conhecimentos, vivências, sabedoria de gerações para gerações, de doutores para iletrados, e vice-versa.
Porque o saber tem dois sentidos e não ocupa lugar. Eu sugiro uma campanha nacional a começar por cada um de nós... "Uma hora de leitura por dia, não sabe o bem que lhe faria..."

terça-feira, outubro 10, 2006

Perseguições policiais: Disparar ou não, eis a questão...

No espaço de cinco dias a zona do Grande Porto foi palco de duas perseguições a grande velocidade de viaturas da Guarda Nacional Republicana a viaturas com jovens que tentavam escapar aos agentes da lei e acabaram ambos por ser alvejados, no primeiro caso retirando a vida a um dos ocupantes da viatura e domingo ferindo com gravidade dois dos ocupantes, estando um ainda em estado muito grave. Um jovem de 22 anos e uma rapariga de 17 foram baleados pela GNR em Grijó, Gaia, após o furto da viatura em que seguiam e uma hora de perseguição pelas freguesias do concelho.
Estes dois casos terminaram da mesma maneira e por isso foram tornados públicos, aliás desde o início do ano são já sete as perseguições policiais que acabam noutras tantas mortes e esperemos que a de ontem não venha a aumentar o número de mortes, pois o jovem alvejado está a lutar pela vida, mas quem vive na malha urbana das duas grandes cidades de Portugal, sabe que este tipo de perseguições acontecem com frequência, muitas das vezes com troca de tiros, no entanto a maior parte acaba com os perseguidos a conseguirem escapar às autoridades.
Enfim, a questão aos olhos da opinião pública parece não ser o que está na génese das referidas perseguições, ou seja os crimes praticados pelos condutores das viaturas em fuga, mas sim o facto dos agentes das autoridade dispararem sobre os delinquentes que estão em fuga. Há quem diga, que têm que atirar para os pneus, que devem disparar de forma a não colocar em risco a vida dos cidadãos que estão em fuga.
Bem, parece-me que as pessoas andam a ver muitos filmes vindos de Hollywood, quem já esteve numa experiência idêntica poderá dar o seu testemunho, sobre o que é estar numa situação em que se vai a grande velocidade e tem que se acertar num alvo em movimento e ainda por cima não se podem chegar demasiado perto para não aumentar a probabilidade de ser alvejado pelos perseguidos.
Lamentando mais um caso que preocupa todos os cidadãos e principalmente a dôr das famílias dos criminosos abatidos, não posso deixar de manifestar a minha solidariedade para com os homens e mulheres das nossas forças policiais que estão envolvidos nestes casos e nenhum que queira cumprir a sua nobre actividade está livre de lhe acontecer algo idêntico no futuro, a não ser que feche os olhos ao crime, deixe de cumprir o seu papel. Porque nestas coisas de polícias e ladrões sempre estive e estarei do lado dos polícias, continuo a defender que alguém tem que pôr cobro à delinquência que vai aumentando neste país e se os polícias não o fizerem quem fará?